18.9.11

Quarto, de Emma Donoghue

Eu lembro que teve um período em que casos como o de Natascha Kampusch começaram a aparecer com frequência na mídia.

Mulheres que foram mantidas em cárcere privado por anos, muitas vezes sendo estupradas, engravidando e tendo seus filhos no cativeiro, sem ajuda de ninguém. Esses filhos cresceram no cárcere com suas mães, sem tomar conhecimento do mundo existente do lado de fora.

Quarto conta a história de mais uma Natascha, mas pela voz de um garoto de cinco anos. Uma criança que nasceu no Quarto, o lugar pra onde sua mãe foi levada, aos 19 anos, após ser sequestrada.

Jack é um menino incrível, e ler a história pela voz dele torna tudo mais intenso.

Sua mãe faz de tudo pra que ele não perceba o que está acontecendo. Até os seus cinco anos, ele não sabe que está preso num cativeiro com sua mãe, pensa que as coisas que vê na TV são de um mundo inventado, que não existe. Tudo o que é real para ele está no Quarto.

Mas, o tempo de sua mãe está acabando. Ela não pode mais, depois de sete anos trancada ela começa a perceber que precisa sair, ou vai enlouquecer. Eles armam um plano de fuga, que dá certo. Mas, quando finalmente estão do lado de fora, ela e Jack sentem-se mais prisioneiros do que nunca. Ele tem que aprender tudo sobre um mundo novo, que é jogado em seus braços de uma única vez. E sua mãe tem que reaprender a conviver com as pessoas, a viver do lado de fora do Quarto.

A história é humana e emocionante. Recomendo!

2 comentários:

Isabel Dasp disse...

Imagino o quão deve ser boa a história. Mas Katy, sabe, existem milhares de pessoas que vivem em cativeiros feitos por si, mesmos? Um mundo paralelo do qual o indivíduo não consegue sair, não se permite e quando dá por si... Entra em pânico, por voltar a conviver com o mundo lá fora (que ele já estava dentro).

katy disse...

oi bel, é por isso mesmo que gosto de histórias de superação. como vc disse, existem pessoas que vivem num cativeiro que elas mesmas criaram, mas existem outras que lutam a vida toda pra fugir de cativeiros impostos por outras pessoas. e é esse "lutar" que me fascina, na vida real e na literatura. bjs