
Tenho a impressão que voltei no tempo. Lembro de mim, garotinha da capital estreando na vida do interior, encolhida entre a grade de segurança e a cortina de saída do trailler. Ali estava por ser curiosa. Ale me deixavam por ser filha de “autoridade” - ‘faremos tudo que seu mestre mandar? Faremos todos! ‘ - mesmo que ‘seu mestre’ não mandasse nada. “Essa é Monga, a incrível mulher-gorila. Ela se MOVIMENTA, mostrando que é viva e real” A entonação da voz mutante do narrador do espetáculo se mistura com a voz cadenciada de Dona Filó da esquina, que hoje, quando me vê, repete para quem quiser ouvir: “ vô acendê umas vela que é procê arrumá um marido rápido”. Também ouço o canto triste de Adriana Lúcia pendurando roupa e as histórias da minha tia que tem uma amiga cujo marido fez alguma coisa relativa ao assunto em questão - independente de qual for o assunto.
“Calma Monga! Não! Não faça isso Monga... Monga... Meu Deus!” Me encolho mais para não ser atropelada pelo público assustado, e ainda assim consigo olhar no fundo dos seus olhos de gorila. Eu descobri o segredo e agora estamosaqui, eu e Monga, de volta à Minas, sem muita diferença entre o antes e o agora. Uma seleção de contos com o mais gostoso estilo mineiro. Parabéns José Rezende pelo poder de nos fazer viajar! |