Garcia-Roza me apresentou ao Delegado Espinosa. Um homem assim: meio nerd/meio gostoso/ meio canalha-sem-ser entende? Sempre imagino um cara de meia idade, um sorriso charmoso, roupa descuidada. Aquele tipo para quem você não olharia duas vezes na rua, mas que na primeira oportunidade te conquista pelo papo. Sabe de tudo um pouco, tem centenas de livros empilhados nas paredes do apartamento, numa perfeita rebeldia contra as tradicionais estantes.
Consigo imaginar sua casa, seu freezer com lazagnas congeladas, a cadeira preferida, a cama por arrumar. Consigo enxergar a vista da janela para a praça, crianças jogando bola que batem em seu próprio carro que, como o meu, sempre que se precisa dele está com bateria arriada por falta de uso. Praticamente vejo sua expressão ao sair do carro resignado e apelar para um taxi.
São livros policiais, sempre com crimes em Copacabana, mulheres sensuais e misteriosas e o Espinosa - o delegado! Não tem a arrogância do Poirot, nem os olhinhos vívidos da Miss Marple, muito menos o charme das histórias inglesas. Mas tem o calor do Rio debaixo do paletó (que sempre imagino mal cortado), tem a praia, tem copacabana - em resumo: tem o nosso gingado.
Pessoal, deixa eu lhes apresentar meu amigo, delegado Espinosa. Cuidado com sua lábia. Ele só tem cara de bobo.